quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Minhas sinestesias

As palavras valem o que valem. São levadas pelo vento, é o que dizem. Ou então são altamente inferiorizadas perante uma imagem que, e também assim o dizem, valerá mais do que mil conjuntos de letras.

Mas eu gosto de palavras, gosto de letras, gosto de escrever, gosto muito de falar e gosto também de ouvir, nem que, para isso, tenha de arrancar as palavras a alguém através de ataques incessantes de perguntas.

Gosto de saber  pormenores sobre factos, histórias. Quase nunca me importa se o que oiço será ou não verdade. Delicio-me a ouvir pessoas em relatos sobre as suas vidas: como foram, como são, que memórias guardam, quais as defesas que vão construindo.

Parece-me que procuro avidamente prover sentido e significado às palavras, quero acreditar muito nelas para poder sentir-me protegida. Como se, assim, consiga abstrair-me dos meus pensamentos e sentimentos.

Talvez por isso tenha, desde que me lembro que existo, desenvolvido uma forma de sinestesia que não será menos do que a minha tentativa inata de concretizar as palavras, torná-las palpáveis, com cheiros, sabores, cores. Assim, elas ganham vida.

Desta forma, quase todos os conjuntos de letras têm, para mim, uma correspondência concreta: à sonoridade da palavra, quase sempre vem associado um cheiro, um sabor, uma imagem.

 Poderia construir toda uma nova linguagem, embora com uma grande falha: apenas eu saberia decifrá-la.

E o meu cérebro não se cansa de trabalhar em parceria com o meu coração e com os cinco sentidos, com o objectivo de obrigar-me a conhecer-me melhor.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Tempos modernos (ou não)

Apologia da cultura da Gastronomia
Encontros sociais em volta de petiscos
Pretensões culinárias giram em volta
Do fazer 
Do gostar
Pretensões de bonança
Pois parece que 
A crise não existe
Então enche-se a pança
Mas também somos
Saudáveis
Corremos
Bebemos batidos com
Sementes
Fazemos ioga
E tudo isto é um ciclo vicioso de incoerência dos nossos tempos modernos.

Já lá pensava o Charlie Chaplin...


domingo, 21 de setembro de 2014

A Ciência e eu

Definições de Arte e de Gastronomia: a Arte e a Gastronomia são as ciências mais exactas do nosso planeta, pelo menos.

A Arte é a ciência que acompanha, estuda, define e caracteriza a história da espécie humana desde a sua existência.

A Gastronomia é a ciência que documenta, testemunha e reflecte o gosto, os hábitos, as tradições e as modas da dieta da espécie humana desde a sua existência.

Factos e acontecimentos representados ou traduzidos por símbolos, signos, cores, linhas, letras, madeiras, pedras, sintéticos, processos de criatividade infindáveis. 
Arte é, também,  o mais belo produto criado pelo Homem durante o seu percurso pela Terra. É a criação sublime que pode aproximá-lo da Natureza, a grande Mãe de paisagens estonteantes.

Sobrevivência que se transforma no maior dos prazeres da vida, através da conjugação entre várias matérias-primas de origem animal, vegetal, mineral e incontáveis técnicas de preparação das mesmas.
A Gastronomia é, também, uma das maiores provas de que o ser humano terá, de facto, alguma inteligência. 
É a Magia na qual eu acredito, defendo e adoro religiosamente. 
É a optimização do emprego dos cinco sentido que resulta num pico de sensações que são só e apenas isso mesmo, não podem ser descritas por palavras, por muito que os críticos insistam.
Gastronomia é o único processo eficaz de tradução de sentimentos e sensações humanas.

A Arte e a Gastronomia são indissociáveis. Arte/Gastronomia é o binómio-chave que marca a derradeira diferença entre a espécie humana e os restantes seres vivos.

E a Gastronomia é, para mim!, a Arte por excelência.


sábado, 20 de setembro de 2014

Liberdade

Morte pode ser renovação
Renascer
Viver com vontade
Liberdade
Seguir as nossas escolhas
Desenhar a nossa vida
Ou melhor ainda
Deixar fluir
Saborear
Com Liberdade
A Liberdade.