terça-feira, 9 de agosto de 2016

Ao meu Avô Max

Os avós assistem à chegada dos netos ao mundo, num mar de emoção e felicidade.

Os avós preenchem a vida dos netos com incontáveis momentos felizes, oferecem-lhes memórias sagradas, curam-lhes as birras, abafam-nos com mimo, não lhes abafam as opiniões, escutam-nos pacientemente, apoiam-nos, guiam-nos, apontam-lhes caminhos, presenteiam-nos com suas histórias sempre tão fantásticas e longínquas. 

Os avós são seres perfeitos na vida dos netos, e são-no pois sabem melhor do que ninguém as leis da Mãe Natureza: haverá um dia em que deixarão de viver. E nesse momento, que nunca terá data nem hora marcadas, esse momento que apenas se define pelo despontar de uma angústia que não parece ter fim, os netos ter-se-ão de lembrar do tamanho privilégio que tiveram durante a (sempre) curta convivência com aqueles seres extraordinários. 

Os avós são os pais a dobrar, ou os pais ao quadrado, nunca sei qual a designação mais correcta a aplicar.

Eu perdi o meu Avô Maximino, o eterno Avô Max, o mestre das revoluções e das mudanças, das lutas de causas, do carinho, da inteligência, da sabedoria, da sensibilidade, do surreal, da fantasia, da beleza, do prazer de viver, da doce loucura, do sonho, da alegria, da brincadeira, da irreverência, da reflexão, do pensamento crítico, da organização no caos, do amor na mais pura das formas, incondicional e sem cobranças.

A sua partida foi matreira também. A despedida foi calorosa, à sua medida. A saudade será imensa e teimosa, à sua medida mais uma vez.

Vovô, a luta continua!