Estamos prestes a entrar na época de Pesca.
A partir de dia 1 de Março, o meu Pai (Pité), Tio Miguel, Avô Max e mais uns quantos amigos, entre tantos outros amantes dos rios e dos montes (e dos peixes!), vão finalmente poder calcorrear lameiros, espreitando os cursos de água, na ânsia de voltar a casa de cacifos cheios.
Pois bem, a pesca tem muito o que se lhe diga: depende, como em tudo na vida, dos pontos de vista, é certo. Neste momento, vou apresentar o meu, depois de passar anos a presenciar as famosas "conversas de pescas", bem conhecidas entre a minha família, disputadas entre aqueles que já referi inicialmente.
Nada melhor do que, para tornar conhecida a minha opinião sobre a pesca, definir um dos lados que esta representa para os seus amantes, membros da minha família, lado esse cuja visão também subrescrevo, reforço e sinto: a merenda.
E, a partir deste ponto, entramos ainda num outro campo, e sobre o qual não quero demorar-me, pelo menos não para já, uma vez que pretendo dedicar à MERENDA uma publicação própria; mas, adiantando-me, reparem que só a palavra, a sua sonoridade, conferem a um comum "lanche" um sabor especial...
E é assim que o meu Pai, o meu Tio e o meu Avô se equipam para um longo dia, que, para ser bom, deve começar às 5h da manhã, hora a que abalam de casa com a "Nevera" e os cestos bem recheados: bolos de bacalhau caseiros, da minha Avó Marília; linguiça e salpicão; um bom pão (elemento fundamental), trigo ou centeio; folar de Chaves (salgado, semelhante ao de Bragança, com carnes gordas); croquetes de perú caseiros; panados feitos pela Fátima (dedicar-lhes-ei também uma publicação, bem merecida); pataniscas de bacalhau caseiras; fruta.
E, para mim, que muitas vezes, em criança, acompanhava o meu Pai nestas andanças, grande parte da pesca é isto: um piquenique durante o qual vamos lançando a cana, com amostra, saltão, minhoca ou mosquito, para ver se "elas picam" (traduzindo a gíria de pesca: para tentar pescar trutas). Um momento durante o qual degustamos bons petiscos, que nos sustentam para podermos caçar matéria-prima para novas iguarias: truta frita em azeite, trutas de escabeche...
Foi por volta de Abril, era já tardinha. Estávamos o meu Pai e eu no "Areal" (local onde íamos frequentemente, no rio Terva); estendemos a toalha, prontos para "merendar". O cheiro das giestas, do lameiro e da água do rio deixaram-nos de água na boca. Preparo-me para atacar um canto de trigo, guarnecido com o tal panado da Fátima. Cuidadosa e meticulosamente, numa espécie de ritual, fui mordiscando as bordas da sandes, reservando o meio - a melhor parte! - para o fim. Fim esse que teve lugar não na minha, mas sim na boca do meu Pai...Desolada, mas não derrotada, compensei a perda com atum de lata acompanhado com pão, o que também tem o seu valor, sendo para isso necessário uma conserva de qualidade!
Nunca me esquecerei desta nem de nenhuma outra tarde de pesca.
Tardes de passeio, de alegria e de aprendizagem.
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